Mulheres na arte – Parte 1
Em comemoração ao dia 8 de março, dia das mulheres, traremos um especial dedicado a elas, as mulheres na arte! No entanto, vamos começar com algumas informações importantes.
O que é o dia da mulher?
O dia 8 de março é comemorado o dia da mulher. É um dia que, em suma, comemora a luta das mulheres por igualdade de oportunidades e de direitos. É comemorado desde o começo do século, e foi oficializado pela ONU em 1975. No entanto, é mais do que um dia de mera distribuição de flores: É um dia de luta e reflexão.
Porque o dia das mulheres acontece no dia 8 de março?
Esse dia tem uma importância histórica muito grande. O dia das mulheres acontece no dia 8 de março por conta das passeatas contra fome e contra a primeira guerra mundial que aconteceram na União Soviética em 1917. No que consequentemente viria a resultar na Revolução Russa pouco tempo depois. Esses protestos aconteceram no dia 8 de março. Posteriormente à revolução, os bolcheviques passaram a comemorar no dia 8 de março o dia da mulher heroica e trabalhadora.
No entanto, houve alguns acontecimentos anteriores diferentes, todos ligados à luta por direitos das mulheres, que fizeram com que o dia da mulher enquanto conceito começasse a surgir. Apesar de ainda não ser no mesmo dia ou no mesmo formato.
Incêndio da fábrica em Nova York – Triangle Shirtwaist Company
Em 1911, em meio a péssimas condições de trabalho em uma fábrica de roupas, a Triangle Shirtwaist Company, acontece um incêndio. Há muitas especulações sobre o caráter do incêndio, se foi criminoso ou não. Sabe-se, no entanto, que a empresa recusava-se a assinar acordos com os trabalhadores sobre melhores condições de trabalho. E que esse grupo de trabalhadores era composto em sua maioria esmagadora por mulheres costureiras. O escândalo do incêndio e o luto por essas trabalhadores e trabalhadores trouxe à luz as péssimas condições de trabalho praticadas pela empresa, as atitudes insalubres em relação aos trabalhadores e a desigualdade entre os direitos entre trabalhos realizados por homens e mulheres.
Passeata pelos direitos femininos
Em 1909, na mesma Nova York do incêndio, aconteceu uma passeata pelos direitos das mulheres. Além de pleitear direitos como o de votar, por exemplo, existia uma pauta em relação aos direitos das trabalhadoras também. As jornadas de trabalho eram muitas longas, muitas vezes ultrapassavam as 16 horas, trabalhando mesmo no domingo. Além de Nova York, outros lugares no mundo passaram a ter mais mulheres lutando por direitos.
Mulheres na Arte
Quando pensamos em artistas e em história da arte, normalmente o que vem à nossa cabeça são artistas do sexo masculino. E isso não é sem motivo: Trabalhar com arte é, antes de mais nada, um trabalho. Que requer dedicação, requer formação, requer tempo. Requer dedicação porque é um tipo de trabalho que precisa ser aprendido em seus detalhes. Requer formação porque tem um conjunto de técnicas e saberes específicos que precisam ser conhecidos. E requer tempo porque nada se aprende do dia para a noite.
Requer também investimento. Porque todo mundo tem o mínimo de recursos que precisa para sobreviver.
Sabemos que a possibilidade de ter dedicação exclusiva nem sempre foi oferecido às mulheres, que na nossa cultura sempre ficaram responsáveis pelo cuidado doméstico e pelo cuidado dos filhos. Sabemos que nem sempre as mulheres tiveram livre acesso à formação e à informação, sendo a educação um direito quase que restrito aos homens por muito tempo. E sabemos que o tempo da mulher nem sempre era possível que fosse controlado por ela mesma, pois as convenções exigiam que essas mulheres dedicassem o seu tempo a outras atividades.
Além disso, o investimento geralmente não ia para a educação de meninas.
No entanto, mesmo com muita dificuldade, temos mulheres na arte, SIM, ao longo da história. Mulheres artistas que, de alguma maneira, conseguiram driblar as dificuldades de seus tempos e se firmaram como artistas. Aqui veremos três delas, que são muito importantes. E esse especial abre o caminho para que possamos, no futuro, falar também de outras mulheres artistas que conseguiram estar aqui.
ARTEMISIA GENTILESCHI

Artemisia Gentileschi é uma pintora do barroco italiano nascida em 1593. Começou a pintar por influência de seu pai, que também era pintor, e mostrou ter mais talento que seus irmãos. Possuía um estilo mais natural, menos idealizado, e conseguiu atenção e reconhecimento por isso.
Passou a vida pintando e chegou a ter alguma fama. O que não quer dizer que isso tenha acontecido

sem passar por constrangimentos. Além de algumas rejeições. E também pela humilhação de ter seus quadros atribuídos a seu pai e outros pintores masculinos.
A medida que a obra de Artemísia traz características importantes do Barroco Italiano na técnica, o seu diferencial está justamente no olhar que traz para os assuntos que pinta. Ela traz um olhar feminino, um ponto de vista feminino para as obras que retrata. Além disso, vai buscar figuras fortes femininas em histórias bíblicas e nas mitologias.

Artemisia, logo após a sua morte, deixou de ser celebrada e teve sua arte invisibilizada. No entanto, teve suas obras reavaliadas, estudadas e valorizadas a partir da pesquisa de outras mulheres.
DUAS MULHERES A QUEM A ARTE BRASILEIRA DEVE MUITO
É creditado ao modernismo brasileiro e à semana de 22 a criação de um sistema de arte brasileiro. Mas deve-se creditar, principalmente, a duas mulheres pelo ocorrido. Uma por ser a precursora, e a outra por ser a iconoclasta e o maior destaque. Estamos falando de Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, respectivamente.
ANITA MALFATTI

É uma pintora que nasceu no estado de São Paulo. Órfã de pai, portadora de deficiência motora, teve os estudos de artes em Berlim financiados pelo tio. É influenciada pelos pintores expressionistas da época. Depois vai estudar em Nova York, mais uma vez financiada pelo tio.

Ao voltar ao Brasil, expõe seus trabalhos e é amplamente criticada. Seus familiares deixam de apoiá-la financeiramente por conta disso. Sua exposição reunirá, atrás de si, críticos fervorosos e defensores ferrenhos. E, entre os defensores ferrenhos, estarão aqueles que se reunirão para, mais tarde, criar aquela que será a semana de 22, que contará com a participação de Anita Malfatti. É esse momento e é essa exposição que vai aproximar esses artistas, criando o que será o embrião da arte moderna brasileira.

Participou do Grupo dos Cinco com Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menoti Del Picchia. Grupo esse que daria origem a reflexões e ações na Arte Moderna Brasileira.
Anita participou da Semana de Arte Moderna de 1922 com 22 trabalhos.
TARSILA DO AMARAL


Também nascida em São Paulo, em 1886, Tarsila é uma das mais festejadas e reconhecidas pintoras brasileiras e latino americanas. De família rica de fazendeiros e latifundiários, Tarsila teve o apoio para estudar. Começou a estudar no Brasil mesmo, com professores extremamente conservadores. Conhece a pintora Anitta Malfatti, e em 1920 vai estudar em Paris, onde receberá influências cubistas.
Posteriormente, voltará ao Brasil depois da semana de arte, quando se juntará ao Grupo dos Cinco. Realizará obras como “A Negra”, que iniciará a marcar o seu estilo pessoal. Posteriormente, dentre outros trabalhos, pintará também o “Abaporu”, que significa o homem que come carne humana, o Antropófago.

Em suma, esta é a obra mais cara da arte brasileira, considerada a “Monalisa brasileira”. É importante porque é a partir dela que surgirá o manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade, e também os conceitos mais importantes gerados pelo modernismo brasileiro. E as reflexões que trarão à arte brasileira a sua identidade.
Outra obra importante de Tarsila é “Os Operários”, que será uma das pioneiras da temática social no Brasil e reflete sobre as questões dos trabalhadores.
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